Já escrevi aqui a respeito de um movimento que se articula no mundo da nutrição, da culinária, da agricultura e de vários outros setores produtores de cultura da sociedade que é a busca da simplicidade, do artesanal, do orgânico…Um olhar para o passado a fim de resgatar aquela memória, aquele gosto, aquela referência de mundo que parece que em determinado momento se perdeu. Essa busca pode ser observada em movimentos como Slow Food e Confort Food por exemplo.
E é a partir dessa reflexão que essa receita surgiu. Mandioca, o mais simples dos ingredientes, presente na mesa do brasileiro desde antes de Cabral. Simples, barato, fundamental. Porém, preparado de outra forma, com ares de sofisticação que aparece desde seu nome, Aipim Rosti.
Idéia minha? Não, do mais brasileiro dos chefs franceses, Claude Trosgrois.
Assim como vocês, muitas vezes eu tenho os ingredientes mas a idéia do que preparar com eles me foge. Hora por não saber, hora por estar enjoada do que sei. Pesquisa daqui, busca dali,encontrei essa receita no site do GNT e não tive dúvidas. Era isso mesmo que eu queria. Veja abaixo o vídeo da receita original e acompanhe, ao longo da receita, as modificações que eu fiz.
Costelas de Cordeiro com Aipim Rosti
Ingredientes:
- 1 quilo de mandioca descascada e ralada no ralo médio. Primeira modificação. No vídeo o chef prepara a massa com a mandioca já cozida e fria. Preferi ralar ela crua, tanto porque queria aquela textura meio transparente da mandioca quando é ralada e depois cozida, quanto para poupar tempo e trabalho. Afinal cozinha na pressão, deixa esfriar para depois ralar… Muito demorado.
- 100 gramas de bacon cortado em cubos pequenos. Cortei o bacon fatiado que eu tinha.
- Uma cebola cortada em cubos. Cortei em fatias.
- Muito alho. Não coloquei.
- Queijo coalho. Eu pus, ele não.
- Pimenta moída na hora e sal. SAL, esqueci que na cozinha, menos é mais. Como o bacon já tem muito sal e o queijo coalho também, o resultado ficou um bocado carregado demais para o meu paladar. Sugiro que você escolha um ou outro e, mesmo assim, tome cuidado para não salgar demais.
- Salsinha, ele colocou e eu não tinha, portanto coloquei alecrim.
- Manteiga clarificada. Troquei por azeite de oliva.
Modo de Fazer:
Misture a mandioca ralada, o bacon frito, a cebola caramelizada, o sal, a pimenta e o alecrim. Devo dizer que o gosto do alecrim ficou pronunciado demais. Acredito que o melhor seria usar salsinha.
Aqueça uma frigideira grande com fundo antiaderente e adicione uma camada da mandioca preparada. Coloque por cima fatias de queijo coalho e adicione a outra metade da mandioca.
Use uma frigideira que tenha tampa ou que alguma tampa sua sirva nela pois, caso contrário, você terá de fazer como eu que tive de improvisar com papel vegetal. É importante que a frigideira fique o tempo todo tampada. Lembre-se a mandioca está crua. Cozinhe em fogo muito baixo pra evitar que queime. Pois é…
Levante uma pontinha da borda e veja se está levemente dourada.
Em caso afirmativo proceda da seguinte forma:
1 – Deslize a massa para o prato.
2 – Vire a frigideira em cima dele.
3 – Com o auxílio de um pano de prato, não vá se queimar, vire a massa de volta para a frigideira.
Pois é… Queimou um pouquinho. Não justifica, mas em minha defesa devo dizer que a do Claude também queimou. Vejam o vídeo.
Com o fogo bem baixo e a panela tampada, deixe cozinhar o outro lado.
Apesar de um pouco salgada, ficou deliciosa. Você pode excluir o bacon da mandioca e rechear com o que quiser. Imagine cogumelos grelhados para uma versão vegana. Camarões ou bacalhau para um almoço, linguiça calabresa frita com bastante cebola…
Divirta-se e boa noite.