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Home » A Cozinha no Mundo » Uma revolta na Bahia: “Carne sem osso, farinha sem caroço”

Uma revolta na Bahia: “Carne sem osso, farinha sem caroço”

23/03/2017 by Sheila

Revolta na Bahia: “Carne sem osso e farinha sem caroço”.

A Câmara Municipal estabeleceu que, a partir de 12 de janeiro de 1857, toda a farinha de mandioca comercializado em Salvador deveria somente ser vendida em locais determinados, principalmente no Celeiro Público, espécie de Mercado Municipal à beira mar.

A medida visava controlar o preço da farinha que “andava nas alturas” eliminando os atravessadores que monopolizavam distribuição  do produtor  e diminuindo o custo da  distribuição e o sobreço. 

Tal decreto desagradou profundamente o Presidente da Província da Bahia, Josē Luiz Vieira Cansanção de Sinimbu. Filho de senhor de engenho, vivera e estudara na Europa por 4 anos antes de voltar ao Brasil e ocupar diversos postos administrativos no Império. “Fora presidente de Alagoas e Rio Grande do Sul, deputado no Parlamento, senador, juiz da comarca de Cantagalo no Rio de Janeiro e chefe de polícia da Corte.”

Salvador, Bahia. Séc XIX

Sinimbu, adepto do liberalismo econômico, aceitou as reclamações dos comerciantes e suspendeu a medida tomada pela Câmara até que essa fosse julgada pela Assembleia Provincial. 

Duas visões de mundo em conflito na Bahia do século XIX. De um lado uma visão intervencionista do mercado que acreditava que o governo deveria intervir para proteger o cidadão contra os especuladores e de outro o liberalismo de mercado que acredita na autorregularização através da lei de oferta e procura.

Em janeiro de 1858, como nada havia sido decidido, a Câmara volta a editar a medida porque,  segundo eles, “O assunto tinha sido propositadamente esquecido”. Com a medida, o preço da farinha de mandioca que era vendida a ” 5$ [5 mil réis] o alqueire, baixou imediatamente par 3$800″. 

Os conflitos entre os vereadores e o presidente se agravam e no dia 25 de fevereiro, o presidente decide suspender 5 vereadores, substituindo-os por seus suplentes.

28 de fevereiro, segundo domingo da Quaresma do ano de 1858. Um conflito envolvendo a resistência, por parte de meninas e moças residentes no convento da Santa Casa de Misericórdia, à transferência da administração do convento para freiras francesas, levou à punição das mesmas pelas freiras e membros (homens) da mesa diretora da Casa. Os gritos das moças foram ouvidos pelos fiéis que estavam na igreja e pelas pessoas que passavam na rua. A multidão foi acudir as noviças e as freiras tiveram de fugir, protegidas pelos mesários e outras pessoas, para o Palácio Presidencial.

A revolta contra as irmãs vicentinas se espalha pela cidade de Salvador e a multidão se reúne na Praça do Palácio a poucos passos da Santa Casa para protestar contra as irmãs de caridade e contra aquele que as protegia.

Uma coisa levou a outra é logo um grito de ordem se fez ouvir: “queremos carne sem osso e farinha sem caroço”. O Palácio foi invadido e apedrejado, um soldado atirou e a confusão se instalou. “A tropa, inclusive a cavalaria, calou baionetas e atacou a multidão, que não pode fugir do local pois todas as saídas haviam sido bloqueadas. Muitos saíram feridos, de um lado pelas pedras retiradas do calda,Enti e atiradas pela multidão, e de outro, pelas patas dos cavalos, baionetas e espadas. 

1º de março, a Câmara se reúne novamente, o Presidente da Câmara pede a presença de força policial para desocupar a casa. Os amotinados foram presos alguns, dispersos outros, alguns empurrados montanha abaixo, outros escaparam pela ladeira do Pau da Bandeira. 

A câmara , agora formada pelos vereadores suplentes resolve se reconciliar com o presidente e declara nula a medida. Os vereadores mais antigos mantém o antagonismo.

Mas o presidente Sinimbu não estava sozinho, apoiando ele estava a Associação Comercial da Bahia que representava os principais comerciantes da praça de Salvador que afirmava que “(…)não ocorre meio nenhum(…) senão  a concorrência  entre os comerciantes (…)” de se baixar o preço da farinha. 

O cônsul inglês revelou, em 16 de março, que tinha informações de que a vida de Sinimbu corria perigo. Duas semanas antes desse dia o mesmo cônsul havia requerido, ao representante britânico no Rio de Janeiro, o envio de um navio de guerra para defender os ingleses na Bahia, a quase totalidade dos quais era comerciante e portanto, potencial alvo de descontentamento popular.

Sinimbu embarca no navio para o Rio de Janeiro em 25 de março após sofrer um atentado à bala enquanto presidia manobras militares da sacada do palácio.

Os participantes do levante

Em 1858 Salvador era uma cidade de muitos pobres, a concentração de riqueza era grande. Os realmente miseráveis eram numeroso formado por 90% da população. Mendigos, pobres e escravos formavam a classe perigosa da Bahia então. 

O quadro econômico

A década de 1850 foi um período de grande crise na Bahia e essa crise era frequentemente tratada pela Imprensa. “Longe estava o tempo quando o Brasil tinha sido visto como terra da abundância” lamentava o Jornal da Bahia.

“Do que se conhece até agora, o motim de 1858 foi o mais sério movimento especificamente contra a carestia desde o início do século XIX.”

Mas, “insistimos, que não basta levar em conta a barriga do povo e a cabeça do poder para explicar o motim ” carne sem osso, farinha sem caroço”. Uma rede complexa  de comportamentos, necessidades, interesses e desejos balançou Salvador durante aqueles dois dias. (…) Talvez isso explique porque, no ano seguinte, quando o preso da farinha bateu o recorde da década, Salvador manteve-se em paz.”

A História é uma janela através da qual nos vemos no passado… um passado algumas vezes muito bem representado no presente.

 

REIS, João José; DE AGUIAR, Márcia Gabriela D. “Carne sem osso, farinha sem caroço.” Revista de História, São Paulo, v. 135, p. 133-159, 1996.

“Carne sem osso, farinha sem caroço”

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